Eu não pedi a Deus pra que você aparecesse. Também não pedi pra não aparecer. Mas não precisava ser assim, ser agora, ser no meio de tantas situações.
Finalmente, quando eu podia enxergar nitidamente o mundo, você se coloca entre mim e ele.
E de repente não resta mais nada.
De repente, você é a janela.
De repente, dúvida vira constatação.
Tão de repente que não precisava.
Você não precisava ser assim simpático. Não precisava ter esse jeito de falar. Não precisava saber meu nome, nem se aproximar tanto, nem existir tanto.Você não precisava estar ali. Mas você é, fala, se aproxima, existe e me olha de um jeito que, talvez eu realmente esteja viajando, mas é você quem paga as passagens.
Tão intenso que não precisava. Tão suficiente que não precisava.
E eu me sinto a idiota de sempre. Eu faço dos meus sonhos, meus maiores pecados. Eu vi algo de mim em você e mesmo sabendo que não posso, não devo, não ousaria e NÃO PRECISAVA, mergulho.
E nado em você por todo o tempo. Porque o tempo, apesar de precisar, já não existe.
De repente me instiga, me sufoca, me chama.
De repente, deixa o mundo existir outra vez.
De repente você está lá, nadando num mar distante do meu. Vivendo uma história que não é a minha. Existindo em mais lugares do que supõe.
É... não precisava. Mas já preciso.