sexta-feira, 26 de junho de 2009

O menino dos meus olhos






Tantos rapazes passaram pela vida daquela moça que ela acabava indo e vindo, começando e terminando, rindo e chorando sempre, tudo junto e ao mesmo tempo. Acabava não aproveitando muito a emoçãozinha do durante porque sofria pensando no depois; mas aí na hora de chorar pelo depois ela já tinha chorado muito e partia pra mais algum durante assim, sem esquentar muito a cabeça.

Foi sempre assim. Desde que ela consegue se lembrar, ou contar, foi assim. Eles aqui ou ali, tanto fazia. Era sempre o mesmo desfecho sem graça para a mesma história repetida.

E ela tinha uns 16 anos quando ele apareceu na vida dela. Na época ela mal conseguia diferenciar aquele rapaz de todos os outros e, pra falar bem a verdade, ela só percebeu de quem se tratava anos depois, dia desses, quando começou a fechar seus olhos antes de dormir e percebeu que a imagem dentro do escuro debaixo das pálpebras dela, era dele. Percebeu que há muito tempo era ele. Percebeu que todos os outros rapazes nunca seriam páreos pra ele porque ele não estava nas coisas que ela via somente, ele estava também - e principalmente - nos olhos dela quando estes estavam fechados. Ninguém competia com ele porque ele estava nela, dentro dela.

De todos os homens do mundo, ele era o que ela mais admirava. Todas as coisas que ele fazia viravam estórias encantadas na cabeça dela, ele era o príncipe que escalava o castelo, o cavaleiro que ganhava a batalha, a coisa mais brega e mais bonita que ela conseguia pensar sempre, era ele. E ela descobriu que não é vergonha ser brega para ser bonito. Ela estava cagando pra quem a achasse brega.

O tempo foi passando e a distância entre ele e a realidade foi diminuindo. Às vezes ela abria os olhos assustada depois do sonho e era como se ele estivesse realmente lá, era como se ela pudesse mesmo sentir o cheiro, a presença. Tantas vezes ela foi dormir contorcida, apertada a si mesma, desejando fundo que no lugar dos travesseiros e das vontades, fosse ele. Ela só queria que fosse ele.

E ela contava os dias, as horas e os problemas que faltavam ser resolvidos pra eles conseguirem finalmente ter o final feliz do conto de fadas. Ela o guardou há muito tempo num lugar muito seguro, que nenhum dos seus namorados de papel da vida real vai conseguir chegar algum dia. Porque eles, os outros, estavam dos olhos pra fora: ela os enxergava, se divertia, tocava, sorria, mas em hipótese alguma os levava para dentro dos olhos dela. E de tanto implorar para acordar, então, foi exatamente isso que aconteceu.

Tantas pessoas passaram por ela, tanta coisa foi dita, tantas promessas que jamais foram cumpridas e ela fica pensando sozinha que ela já perdeu tanto tempo com sentimentos de papel, valeu a pena - e muito - esperar por alguém que há tanto tempo faz parte da parte mais íntima da sua vida: o seu sonho de ser feliz.
Mais uma vez: Te amo, Meu Anjo.
[Rani G.]

3 comentários:

Luiz Lukas disse...

Ainda hoje eu espero o meu 'para sempre', Os amores de papel vem, vão e não mudam nada. Mais o amor verdadeiro é aquele que te deixa realmente completo!

Marilis Dutra disse...

fazia um tempinho que não passava por aqui!! Mudou o visual do blog, ficou lindoo =))

Euzer Lopes disse...

Que seja eterno enquanto dure.
Porque o amor é aguardado.
O amor é vivido.
16 anos?
36 anos?
86 anos?
É amor! Não importa quando. Importa quanto!

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