terça-feira, 24 de novembro de 2009

Dos Dias Que Virão...



Poderia ser tudo mais fácil e menos feliz se tivéssemos nos desencontrado naquele dia em que você chegou na minha vida, mas por ventura não foi assim. Desde que tu chegaste, o meu silêncio se transformou em grito. E foi entre o primeiro e o terceiro encontro que o meu coração perdeu a paz de ser o único dono de si.


Lembro que chegaste num sábado improvável, de calor sem sol, céu sem azul, com teus olhos cinza e eu não te reconheci. Não como te reconheço hoje, com todas as cores que agora vejo e que antes eu não percebia. Reconhecia somente o que era relativo às minhas expectativas sobre tudo que encontraria nas festinhas de carnaval, sobre a minha impaciência na muvuca de shows de rua cheio de pessoas - que eu pensava que tu eras só mais uma delas-, e sobre as dúvidas e frustrações da noite anterior: foi justo quando eu pensei que eu realmente não tinha sorte nenhuma que você chegou pra me mostrar que eu estava equivocada.

Lembro que quando tivemos a oportunidade nos encontrarmos, quando estávamos a sós, eu e você, eu senti sede e me fui sem pensar, como se o acaso, ou a natureza (como você preferir chamar), não pudesse ser contrariado, como se tivesse realmente que acontecer, ainda que fosse tarde. MAKTUB. Porque antes disso era como se alguém soprasse ou sussurrasse algo que eu não entendia a cada vez que você me ligava ou quando nos encontros com amigos você vinha e se sentava ao meu lado. Eu devia suspeitar que todo aquele riso que você me causava não era lá dos mais comuns.

Desde que você chegou na minha vida eu tenho tido a sensação de que o tempo de uma vida inteira é pouco demais pra tudo que se pode ser, criar e tentar; uma semana é como um segundo ao teu lado. Tenho sentido uma fome louca de tudo, de respirar fundo e aproveitar a vida, de aproveitar você. E não me intimidam esses doismil quilômetros que estão entre nós. Eu estarei em ti, e tu aqui estarás – dentro - cultivado em mim como se fosse flor. E nossas lembranças serão como força incontrolável pros dias que eu, sem pensar em nada além de ti, vou correr pro aeroporto e entrar no primeiro avião que me leve até você, pra estar em paz outra vez. Porque do teu lado eu me sinto como quem sonha, como se precisasse de muito-pouco-quase-nada pra estar completa. Não sinto fome, não tenho sono, só vontade de te descobrir e de ser tua descoberta. E é entre os teus braços claros que eu não me sinto só. Porque apesar de toda essa capa de “que-forte-a-menina-indestrutível!”, eu sou débil e boba demais, fraca e vulnerável quando você dispara um olhar na minha direção. (“No me mires que me encierras... si, ahora es igual, mírame que ya me tienes encerrada por completo”). O meu sorriso é mais feliz contigo e eu amo conhecer teu mundo, as ruas que você passa, as pessoas que você ama, a cama que você dorme e o que você vê quando abre a tua janela ao despertar.

Eu quero ir em ti, quero ir até onde possamos ir, porque também confesso e aceito que já não sou tão singular, e que já me perdi pra ti faz tempos. Resolvi pular bem do alto dessa pedra e cair de vez nesse rio, e que a correnteza me leve pra esse lugar tranquilo que eu tenho a impressão de ver de relance a cada vez que estamos juntos.

Que o universo nos tenha reservado um amanhã bonito.
Segura a minha mão com força e não solte.



Que venha o desafio.





Por Dani C.

1 comentários:

Anônimo disse...

lindo, lindo...
traduz um sentimento puro e verdadeiro

Quem leu, escreveu: