segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Você Venceu.

(lce)

.::. Eu podia ter escolhido o caos, mas eu
escolhi você. Tive medo de tantas coisas, corri
atrás de tantas histórias que seriam piada na
boca de outras pessoas, eu tentei escapar das
escolhas que eu mesma fiz ao longo de todos
os anos. Nada adiantou.

Sempre ousei preencher suas lacunas com
tantas outras pessoas. Eu me esforcei demais
pra acreditar que a falta que eu sentia das
nossas madrugadas eram apenas buracos que
podiam ser recheados com qualquer sensação
que suprisse o oco, com qualquer palpitação
mais indicativa, com aquilo que latejasse no
lugar certo, na hora certa e não
necessariamente com a pessoa certa.

Mas eu confesso que fui burra. Porque eu me
fazia de difícil mas todas as vezes que o sol
levantava meio cinza era pra você que eu
ligava. Porque nos dias de chuva era o seu
cheiro e o peso do seu corpo no meu que eu
queria sentir. Quando a madrugada esfriava e
gelava os meus pés eu só queria trocar minhas
meias por você me abraçando forte e fazendo o
medo de congelar ir embora junto com as
minhas sensações forçadas. A grande verdade
de tudo é que eu me esforcei tanto pra
acreditar que você não era o homem da minha
vida porque eu jamais acreditei em nada tão
brega como scarpins caramelo e amores de
uma vida inteira.

(e você não desistiu de me alcançar.)

Quando eu disse que eu fiz tudo sozinha, que
sem mim nada teria dado certo, que as manhãs
continuariam incertas e que a verdade dos
nossos olhos jamais seria descoberta, eu
também estava mentindo. A minha alma
covarde não foi capaz de assumir pra si
mesma um amor, quem dirá assumir um passo
tão nobre para o mundo. Eu precisava reclamar
do que fiz pela gente pra acreditar que eu era
melhor do que você e, assim, continuar
desgostando de você. Mas eu não consegui.

A força está com você e as suas certezas
transpiram não sei como dizendo à quatro
ventos o quão melhor do que eu você é. Eu não
tenho argumentos de negação.

E eu errei em cada pedaço mal contado da
nossa história. Porque no fundo eu sei que
quem conta esses capítulos sou eu, com a
minha métrica compassada de quem acha que
seu único dom é a palavra. Mais uma vez
errada, então. As minhas palavras acabaram
confundindo os caminhos tão claros porque eu
sempre preferi o drama emocional; daí a sua
admiração por mim quando eu me despia das
minhas dúvidas e começava a fazer comédia.

Mas agora é risada e eu sei. Porque depois de
tantos porquês não há nada mais justo que a
felicidade simples, ainda que enlouqueçamos
depois dela, ainda que a vida faça sentido só
por aqueles segundos e depois não mais. O
que me importa são os momentos felizes que
estão por vir e que vamos viver sem medo do
amanhã porque o nosso depois é o que
passamos esperando por todo o agora.

Quero me segurar em você até não ter mais

encaixe possível, quero suas mãos no meu
rosto inteiro pra eu fechar os olhos gigante, pra
eu poder chorar até secar a última mágoa na
sua camiseta que agora vai ter o meu cheiro
misturado no seu. Quero que o sol se ponha em
silêncio pra ver a gente andar na praia, que as
nossas bocas conversem grudadas e os
nossos olhos aprendam a falar uns com os
outros. Hoje eu quero o que eu sempre estive
procurando com tantas outras pessoas por aí
fingindo não saber que eu sabia que o meu
breve momento podia ser eterno se eu
entendesse que havia de ser com você.

Eu podia ter continuado na batalha, esperando
ligações cheias de segundas intenções que
não iam sair do vazio de uma cama cheia de
lençóis, frustrações e distâncias
pré-estabelecidas. Podia ter andado em linha
reta pra não enxergar você a cada desvio, a
cada ato falho da razão me mostrando a minha
sensação por você fazendo força contra a vida
mesquinha que eu queria levar pra não sofrer.
Eu podia ter sido covarde por mais vinte anos,
e mais vinte, pra sempre. Mas a sua coragem
transbordou em mim e me deu a lucidez que
faltava pra eu enxergar que a luz da chegada, o
respiro do sossego e a leveza da escolha certa
estavam guardadas, pra mim, em você. .::.

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